

Por Paula Salas, Rede Galápagos, São Paulo
“Queremos que as pessoas que passam pela casa saiam da situação de vulnerabilidade social, que se tornem capazes de escolher seus caminhos, de fazer escolhas conscientes, conheçam seus deveres e direitos. Sejam cidadãos”, conta Laura de Cássio, presidente da Associação de Promoção Social Justina Schuh, a Casa Justina, que atende crianças, adolescentes e idosos em Francisco Morato (SP).
A Casa surgiu como vertente de uma organização espírita que desenvolvia ações de cunho religioso e começou a oferecer almoço devido a uma demanda da comunidade. O viés da assistência social se intensificou e a organização viveu muitas transformações desde os anos 1960. “Começou como um galpão e foi crescendo”, diz a presidente.
Hoje a associação trabalha em prol do fortalecimento de vínculos, inclusão social, melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento de autonomia. Para darem conta dessa missão, seus gestores e educadores apostam na convivência, na arte, nos esportes e na garantia de direitos básicos.
Para crianças e adolescentes entre 8 e 15 anos, são ofertadas oficinas culturais diariamente no contraturno escolar. “Temos capoeira, danças de rua, oficinas de sarau, artes plásticas”, exemplifica Ailton Saint-Clair, vice-presidente da associação. Também se realizam atividades de pensamento lógico e computacional.
Antes da pandemia de Covid-19, mais de 50 idosos participavam de atividades semanais envolvendo artes plásticas e estimulando a convivência. “Eles gostam muito de se reunir, nem que seja só para conversar. A Casa é esse lugar que oferece um espaço de acolhimento. A convivência é o principal serviço”, diz Laura.
Com a pandemia, as atividades não foram retomadas regularmente, pois a organização não conseguiu manter virtualmente os vínculos com os mais velhos — com as crianças, sim. Agora a OSC estuda como retomar essas atividades.

A Casa também funciona como ponto de distribuição de leite, que é oferecido pela prefeitura de Francisco Morato — semanalmente, 91 famílias são beneficiadas. Isso torna a organização uma referência dentro da comunidade.
Viabilizando os planos
Em 2020-21, a organização desenvolveu o primeiro projeto Transformarte. Um novo capítulo desse trabalho foi viabilizado pelo Edital Fundos da Infância e da Adolescência (FIA). O edital faz parte do programa IR Cidadão, do Itaú Social, que estimula colaboradores da empresa a destinar para os FIAs parte do imposto de renda devido.

O foco são crianças de 10 a 14 anos. Nesta nova fase do projeto, as atividades previstas são aulas de desenho, de grafite, danças de rua e capoeira. “A gente percebeu que, se direcionasse as oficinas, conseguiria desenvolver a autonomia das crianças, garantir um acolhimento”, explica Laura sobre a escolha de propor atividades culturais.
Para os planos do futuro, Ailton compartilha que sonha em poder oferecer cursos profissionalizantes para os jovens e organizar uma biblioteca que esteja à disposição dos alunos, além de contribuir com aulas de língua portuguesa focadas no desenvolvimento de habilidades de leitura e interpretação de texto. “Só vamos mudar o país dando às pessoas (e passando) a mensagem de que não é porque estão em uma situação muito vulnerável que não podem sair dela”, finaliza Ailton.
Saiba mais
- IR Cidadão
- FÁBIO RIBAS — Cidadania tributária
- ISA GUARÁ — Os conselhos de direitos e a infância na pauta pública
- Um olhar mais atencioso
- Juntos por mais valor à vida
- Moldando o futuro
- Cultivo de cidadania