Com a retomada das aulas presenciais em quase todo País em 2022, avaliar quais foram os efeitos provocados pela pandemia da Covid-19 na educação pública foi imprescindível . Ao longo do ano, o Itaú Social participou de seis estudos, revelando as principais lacunas de aprendizagens reforçadas pela pandemia.
As pesquisas serviram para compreender como os municípios e as famílias de estudantes lidaram com o período de afastamento de crianças e adolescentes das escolas. As análises também foram importantes para identificar as prioridades das redes de ensino, contribuindo para a elaboração de políticas públicas e o aperfeiçoamento de iniciativas, como as ações de Busca Ativa Escolar e a recuperação das aprendizagens.
Confira os principais resultados das pesquisas:
Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias
- A oitava onda dessa pesquisa foi lançada no mês de fevereiro, identificando que as aulas presenciais, após quase dois anos de salas de aulas fechadas, geraram resultados positivos na educação da criança e adolescente. No mesmo estudo, mães, pais e responsáveis constataram a necessidade de promoção de programas de reforço e recuperação de aprendizagem;
- Já a nona onda (julho/2022) observou que quase todas (94%) as escolas estão realizando alguma ação para enfrentar os efeitos pejorativos deixados pela pandemia. A maior parte dessas iniciativas envolvem jogos lúdicos e brincadeiras (78%), relação com a família (74%), aplicação de avaliações (70%) e acompanhamento do estudante (58%), apoio psicológico (40%) e as aulas de reforço (39%);
- Ambos os estudos fazem parte de uma série iniciada nos primeiros meses da pandemia (junho de 2020) e têm o objetivo de identificar os efeitos que a Covid-19 em relação à educação pública. As pesquisas são realizadas pelo Itaú Social em parceria com a Fundação Lemann e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Pesquisa Undime – Educação na Pandemia
- No mês de abril, a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) com apoio do Itaú Social e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), lançou a sétima onda. O resultado da pesquisa mostrou que 78% das redes municipais de ensino estão utilizando a Busca Ativa Escolar e 77% dos municípios apresentaram propostas de recuperação das aprendizagens para as escolas, além de destacar que o principal desafio no planejamento da oferta de ensino deste ano é a organização do transporte escolar.
- A Pesquisa Undime ainda contou com uma oitava onda que foi apresentada em agosto e reforçou que o principal desafio para as redes municipais de ensino é a recuperação das aprendizagens dos estudantes. Para alcançar esse objetivo, as redes de ensino esbarram em problemas estruturais como as dificuldades com transporte escolar e alimentação para a realização de atividades presenciais no contraturno.
Pesquisa de opinião com diretores de escolas públicas
- O levantamento feito pelo Itaú Social e Todos Pela Educação, com a opinião de diretores de escolas públicas do País, mostrou que a maioria dos gestores preferem que os cargos de direção sejam preenchidos por outro modelo que priorize as competências técnicas ao invés de ser via indicações de secretarias de Educação;
- Apesar da satisfação com o papel das secretarias, a maioria dos diretores gostaria de uma definição mais clara sobre suas atribuições e competências. Quanto a este último ponto, 63% concordaram totalmente que diretores deveriam ter seu trabalho frequentemente avaliado por representantes do poder público.
Impactos da Covid-19 na primeira infância
- A última pesquisa do ano que teve a contribuição do Itaú Social foi lançada em setembro e mostrou como a pandemia influenciou a vida das crianças na primeira infância. Os principais elementos observados foram o crescimento da mortalidade materna, da insegurança alimentar e da queda de matrículas;
- O estudo foi realizado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com a Unicef. Ele abrange um portfólio de dados, em escala nacional, sobre saúde, educação e aspectos socioeconômicos e tem como principais bases de dados o Ministério da Saúde, o MEC (Ministério da Educação MEC), o IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística) e a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua.
Incentivo à leitura
Em 2022 o Itaú Social distribuiu milhões de livros para secretarias municipais de Educação e OSC (organizações da sociedade civil) que promovem ações de leitura para crianças. Todas as seleções levaram em conta critérios de vulnerabilidade social, considerando parâmetros como grau de concentração de renda (Índice de Gini), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), entre outros.
Leia com uma criança
- A campanha desse ano alcançou 74% dos municípios considerados os mais vulneráveis do País, de acordo com os parâmetros acima. Foram entregues cerca de dois milhões de livros em 659 cidades, beneficiando mais de um milhão de crianças.
- A região Nordeste, que concentra o maior número de municípios prioritários, recebeu mais de 650 mil livros. O kit literário era formado pelos títulos “De passinho em passinho: um livro para sonhar e dançar”, da Editora Companhia das Letrinhas, com texto de Otávio Júnior e ilustrações de Bruna Lubambo; e “A pescaria do curumim e outros poemas indígenas”, da Editora Panda Books, com texto de Tiago Hakiy e ilustrações de Taísa Borges.
- Iniciado em 2010, o Leia com uma criança (antes chamado de Leia para uma Criança) foi o primeiro programa a receber o Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. Seu objetivo é incentivar a leitura do adulto para e com a criança como uma oportunidade de fortalecer o vínculo e a participação ativa na educação desde a primeira infância.
Acervos Literários
- No segundo semestre, o edital distribuiu para 194 OSCs (organizações da sociedade civil) até dois acervos distintos com 50 títulos cada (infantil e juvenil-adulto). As entidades receberam os livros após serem selecionadas no edital e concluírem os cursos Infâncias e leituras e Mediação de leitura para juventude, ambos disponíveis no Polo;
- Os acervos infantil e juvenil contam com uma pluralidade de autorias e importante diversidade de gênero e temática. Obras dos escritores indígenas Daniel Munduruku, Ailton Krenak e Yaguarê Yamã; além de Sérgio Vaz e Conceição Evaristo, Lázaro Ramos e Vinicius de Moraes compõem o conjunto. Participam também obras de autores estrangeiros, como George Orwell, Anne Frank, Albert Camus, bell hooks e muito mais.
Ciclo de leitura
- O edital selecionou 30 OSCs, bibliotecas comunitárias e coletivos para participar de dez encontros. As formações tiveram como temáticas mediação de leitura, bibliodiversidade e políticas públicas do livro. As iniciativas que concluíram o percurso formativo receberam um acervo de livros para contribuir com as ações de leitura desenvolvidas pelas instituições.