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Escritores falam sobre como livros infantis celebram a ancestralidade e inspiram pensamentos

Mediação de leitura contribui para ampliar o repertório cultural e a criatividade da criança


Em abril, duas datas destacam a relevância da literatura para a aprendizagem e o convívio social: Dia Nacional do Livro Infantil (18) e Dia Mundial do Livro (23). Em referência às comemorações, o Itaú Social apresenta depoimentos de escritores selecionados pelo edital “Leia com uma criança”, destacando o potencial das obras no processo de valorização de diferentes culturas e costumes.

A autora e ilustradora alemã, Antje Damm, explica que a intenção de seus livros é levantar perguntas. Para a escritora do título “A Visita”, obra distribuída pelo Leia com uma criança em 2020, os questionamentos são importantes para o engajamento e a reflexão em relação à história e ao cotidiano.

“O livro é o começo para um grande universo de perguntas. Não quero dar mensagens com os meus livros, essa não é minha intenção. Não tenho essa ideia de ensinar ou dar algo às crianças. Quero apenas abrir possibilidades, só isso. A minha intenção é que elas reflitam sobre suas próprias vidas”, diz Antje.

Já o escritor Tino Freitas, autor do livro “Com que roupa irei à festa do rei”, obra distribuída pelo “Leia com uma criança” junto com a da autora alemã e que também está disponível no catálogo de livros audiovisuais acessíveis, revela que a produção de títulos infantis é tão complicada quanto qualquer outra. Em suas obras, ele busca apresentar a complexidade das relações sociais de forma lúdica. 

“Os contos de fadas estão aí faz tempo mostrando que existem os vilões e os heróis. Não dá para fazer um conto de fadas só com mocinhos e mocinhas. A literatura está aí para refletir nossa humanidade. Hoje falamos e discutimos muito mais a literatura infantil, percebendo-a como arte, e arte surpreende, mexe com você e te tira do lugar comum, te emociona, te faz sorrir e/ou chorar”, afirma o autor.

Os depoimentos de Antje e Tino reforçam o resultado do estudo “Impacto da leitura feita pelo adulto para o desenvolvimento da criança na primeira infância”, realizado pelo Itaú Social. A pesquisa aponta que a mediação de leitura colabora para a ampliação do repertório cultural da criança, além da apropriação das culturas escritas.

Combatendo o preconceito
Transmitir o ensinamento a crianças, pais e educadores sobre as tradições e histórias do povo Maraguá, que vive em Parintins (AM), é o trabalho do escritor Yaguarê Yamã. O autor de mais de 30 livros, entre eles “Os olhos do jaguar”, distribuído pelo “Leia com uma criança” em 2021, explica que o desconhecimento das pessoas em relação à sua cultura é o principal aspecto do preconceito contra os povos indígenas.

“Como gostar de algo que não conhecemos? A partir do momento em que a gente passa a conhecer, a gente valoriza. Em todos os meus livros eu faço questão de fazer um glossário com palavras em nheengatu [variação do idioma tupi], porque temos que levar a tradição para gente de fora. Se vamos combater o preconceito, a literatura é uma maneira”.

O autor do livro “A pescaria do curumim e outros poemas indígenas”, distribuído em 2022 pelo Leia com uma criança, Tiago Hakiy, da família sateré-mawé, reforça que o preconceito contra os povos originários cria um perfil de indígena imaginário.

“Muito do que foi escrito sobre os povos indígenas é resultado de um olhar exterior. Hoje a literatura indígena se caracteriza por quem está escrevendo sobre si, seus povos, sua cultura e sua tradição. Mesmo assim, temos que ter cuidado para não reproduzir aquela imagem preconcebida durante anos nos livros escolares: do indígena com cabelo redondo, com tanguinha e com um grafismo só”, explica Tiago.

Leia com uma criança
Iniciado em 2010, o “Leia com uma criança” foi a primeira iniciativa a receber o Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. O objetivo é incentivar a leitura do adulto com a criança para reforçar o vínculo afetivo e estimular sua participação ativa na educação desde a primeira infância.

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