Os episódios de violência registrados nas escolas nos últimos meses provocam um ambiente de medo entre os alunos e seus familiares. Esse clima hostil prejudica a aprendizagem de crianças e adolescentes, conforme pesquisas realizadas com estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano).
De acordo com o estudo “A Convivência como Valor nas Escolas Públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais”, há uma discrepância nas aprendizagens de estudantes que estão vivenciando problemas emocionais, especialmente entre pretos e pardos. O resultado se tornou ainda mais evidente depois da pandemia da Covid-19.
“Nossas investigações sobre o sofrimento emocional vivido entre os alunos indicam que, além da saúde física, os adolescentes experimentaram, diante das consequências inesperadas da pandemia, sentimentos de medo, de tristeza e de nostalgia, expressos em sintomas de depressão, ansiedade, automutilações e ideações suicidas”, descreveu a pesquisadora Luciane Regina Paulino Tognetta.
A pesquisa realizada entre 2019 e 2021 envolveu docentes e gestores escolares e resultou em materiais de apoio sobre a temática. Durante esse processo, foram ouvidos 945.481 estudantes, 16.648 membros de equipes gestoras das escolas e 64.984 docentes dos anos finais do Ensino Fundamental do Estado de São Paulo sobre as situações de conflitos no ambiente escolar.
ℹ️ Confira o acervo das pesquisas dos Anos Finais do Ensino Fundamental
Além de observar o cenário na educação, o estudo elaborou recomendações que podem ser adotadas pelas escolas e pelo Poder Público, com o objetivo de reduzir os episódios de violências ocorridas no ambiente escolar.
Escola
- Realizar um trabalho contínuo e permanente de proteção, cuidado e bem-estar de suas alunas e alunos;
- Identificar a relação entre os estudantes com a escola a fim de propor mudanças para melhorar o clima e a convivência escolar;
- Inserir a temática da convivência e acolhimento no currículo escolar.
Poder Público
- Estabelecer parcerias entre escolas com equipamentos de assistência social e saúde;
- Implementar espaços contínuos de encontros e reflexão sobre as temáticas da convivência entre os profissionais da educação.
Apoio
A pesquisa foi realizada por meio do Edital “Anos finais do ensino fundamental: adolescências, qualidade e equidade na escola pública”, do Itaú Social, em parceria com a Fundação Carlos Chagas. O objetivo da iniciativa foi o de fomentar, apoiar e disseminar pesquisas que apontem recomendações para a construção de soluções e superação dos desafios no período escolar do 6º ao 9º ano, promovendo a interação entre a academia e a realidade escolar. Ao todo, o edital investiu R$ 3,68 milhões no financiamento das iniciativas de pesquisa.