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Projetos escolares valorizam a história dos povos indígenas

Neste Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas (7 de fevereiro), conheça iniciativas que registram costumes de etnias originárias em livro e aplicativo digitais


A falta de materiais didáticos e de acesso a conteúdos relacionados aos povos indígenas são algumas das principais dificuldades enfrentadas por docentes que buscam valorizar a história e as tradições de etnias originárias. No entanto, alguns professores encontram formas para trabalhar o tema em sala de aula por meio da criatividade, tecnologia e entrevistas com os moradores.

Na região do Cariri Cearense, por exemplo, a pesquisadora e professora Cícera Nunes desenvolveu, junto com os estudantes da Comunidade do Gesso, o aplicativo “Educaya”.  A ferramenta digital – disponível gratuitamente na Google Play para celulares Android e iOS – apresenta a influência dos povos indígenas e do negros na formação cultural da região e, a partir desse conteúdo, desenvolver propostas pedagógicas que busquem resgatar e valorizar a história do território.

ℹ️ Confira outros materiais que foram resultados da pesquisa de Cícera Nunes

O aplicativo foi elaborado por meio de conversa com os moradores mais antigos do município, que evidenciaram a participação dos povos tradicionais em momentos históricos da comunidade, como a linha férrea que, atualmente exerce outra função social, sendo transformada em um sítio urbano organizado pelas pessoas do entorno, com plantação de ervas medicinais e árvores frutíferas.

Outra experiência pedagógica que mobilizou estudantes e seus familiares foi o livro “Chapeuzinho Vermelha Indígena”, escrito pelos próprios estudantes da Escola Municipal Professor João Cândido de Souza, de Campo Grande (MS). A ideia surgiu durante  mediações de leitura a respeito da trajetória de personagens indígenas. Entre as obras utilizadas, destaque para o livro “Os olhos do jaguar”, de Yaguarê Yamã, ilustrado por Rosinha e distribuído pelo “Leia com uma criança” de 2021.

ℹ️ Confira a entrevista do escritor Yaguarê Yamã sobre a relevância da literatura indígena

“Depois de criarmos vários desenhos do livro “Os olhos do jaguar’” e de escrever muitos diálogos, começamos a elaborar um reconto da história da Chapeuzinho Vermelho. A partir dos olhos e da vivência dos alunos, a personagem Chapeuzinho ganhou contornos, naturalmente, de uma menina indígena”, detalha a professora Juliana de Souza Jesus, uma das idealizadoras do projeto.

O Brasil possui 3.541 escolas localizadas em terras indígenas, o que representa 1,9% do total de instituições da educação básica, conforme Censo Escolar de 2022. Nesses locais, devem ser ministrados conteúdos específicos e diferenciados que tenham relação com a comunidade, como orienta a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).

Dificuldade no ensino
Apesar de não dar aulas em território tradicional, a professora Verônica de Oliveira reconhece a relevância que os povos indígenas tiveram para a formação do município de Mesquita (RJ), especialmente do bairro Jacutinga, nome dado em homenagem à etnia que habitava a região. 

O interesse da docente em explorar a história do território em sala de aula encontrou obstáculos devido à falta de materiais didáticos e de registros oficiais. “No Rio de Janeiro, o assunto não é tão abordado nos livros e nas escolas. As pessoas não têm essa noção de que os descendentes dos primeiros habitantes do país também frequentam a universidade. Eles só enxergam os povos originários na floresta. Precisamos trazer para a escola tudo o que os indígenas realmente representam”, diz.

Na busca de alternativas para abordar a temática, a professora conheceu o curso Jenipapos — Literatura de Autoria Indígena, oferecido pelo Polo, ambiente de formação do Itaú Social. Segundo Verônica, o conteúdo abriu um leque de oportunidades para falar com os estudantes sobre os povos indígenas. “Dá para desenvolver atividades focadas com base em literatura, cultura, alimentação e vestimenta”.

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