No estado de Roraima, escolas de cinco comunidades indígenas participam de uma experiência pedagógica com o objetivo de elaborar, com base na vivência e cultura local, propostas curriculares para estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. A iniciativa ocorre desde 2010 no território e foi desenvolvida por professores indígenas e não indígenas do curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran da UFRR (Universidade Federal de Roraima).
O resultado dessa experiência foi sistematizado no “Projeto de Pesquisa Educativa: Laboratórios Socionaturais Vivos como instrumento de melhoria pedagógica nos anos finais do ensino fundamental na educação escolar indígena”, que recebeu apoio do Itaú Social e da Fundação Carlos Chagas, por meio do edital “Anos finais do ensino fundamental: adolescências, qualidade e equidade na escola pública.
Confira o sumário executivo da pesquisa
A pesquisa foi coordenada pelo antropólogo Maxim Repetto e se dedicou a analisar os processos educativos e culturais das comunidades indígenas envolvidas; e identificar encontros e contradições da cultura e do processo educativo entre as escolas envolvidas no estudo, são elas:
- Escola Estadual Indígena Júlio Pereira, localizada na comunidade Uiramutã e frequentada pelos povos Macuxi e Patamona;
- Escola Estadual Indígena Presidente João Pessoa, localizada na comunidade Willimon e frequentada pelo povo Macuxi;
- Escola Estadual Indígena Dom Lourenço Zoller, localizada na comunidade Pedra Preta e frequentada pelo povo Macuxi e Ingarikó;
- Escola Estadual Indígena Santa Mônica, localizada na comunidade de Camararém e frequentada pelo povo Macuxi;
- Escola Estadual Indígena Sizenando Diniz, localizada na comunidade de Malacacheta e frequentada pelo povo Wapichana.
Com base nessa investigação, os professores e o pesquisador desenvolveram e implementaram propostas pedagógicas nas áreas da ciência, história, geografia e línguas portuguesa e indígena nos cinco colégios por meio do Laboratório Socionaturais Vivos, um ambiente de convivência voltado para integração entre a cidade e a natureza.
“A roça, a casa de farinha, o campo ou as florestas onde estão os animais ou as formigas são vistos como laboratórios socionaturais vivos, para o estudo de ciências, de língua portuguesa e indígenas, assim como para história, geografia e estudos sociais. A partir das atividades sociais se induz a conhecer o mundo e aprofundar os conhecimentos próprios”, conta o pesquisador.
Resultado
O estudo destacou que a comunidade indígena participa do processo de formação dos estudantes dialogando com os gestores escolares. No entanto, o pesquisador identificou que existe uma necessidade de envolver os membros do território em assuntos capazes de transformar a rotina da escola.
Outro argumento levantado é a importância do processo de formação continuada dos professores por meio da pesquisa educativa colaborativa, na qual os docentes e membros da comunidade escolar participem como sujeitos da pesquisa e não como informantes.
Veja também o resultado das pesquisas:
- Projeto de Pesquisa Educativa: Laboratórios Socionaturais Vivos como instrumento de melhoria pedagógica nos anos finais do ensino fundamental na educação escolar indígena;
- Laboratórios de Práticas Audiovisuais;
- A Convivência como Valor nas Escolas Públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais;
- A cidade como espaço de aprendizagem: práticas pedagógicas inovadoras para a promoção da cidadania e o desenvolvimento social sustentável;
- Raciocínio Computacional em Prática: desenvolvendo criatividade e logicidade nos anos finais do ensino fundamental;
- Letramento Multimídia Estatístico: Uma interação entre a pesquisa acadêmica e a realidade escolar dos anos finais do Ensino Fundamental;
- Sexto Ano, Transições e Participação: diagnóstico e intervenção no Colégio Municipal Presidente Castelo Branco, Pojuca, Bahia;
- Expressão, Simbolização e Resolução de Problemas: tratar a evasão e a desigualdade no pedagógico;
- Novos significados para alunos dos anos finais do ensino fundamental no contexto da socioeducação de linguagens para autonomia e cidadania;
- Escrever para Aprender: diagnose e dispositivo pedagógico para os anos finais do Ensino Fundamental;
- Desengaveta Meu Texto: Práticas de leitura e escrita no Ensino Fundamental II;
- Sucesso escolar: em busca de estratégias para o fortalecimento de crenças de eficácia;
- Saberes em Diálogo: Cartografias da Implementação do Referencial Curricular de Canoas nos Anos Finais do Ensino Fundamental.