O livro “Construindo uma educação antirracista -reflexões, afetos e experiências” já está disponível no acervo digital Anansi – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica. A publicação faz um levantamento da origem dos primeiros moradores de Uberlândia (MG) e seus vínculos com a República do Congo, país localizado na região da África Central.
Durante a produção da obra, a coordenadora do projeto e professora, Neli Edite dos Santos, mobilizou estudantes da Escola Eseba (Unidade de Educação Básica), de Uberlândia (MG), e seus familiares para traçar a gênese de seus antepassados que criaram raízes no município. Foi observado que os moradores mantinham viva uma forte ligação com a cultura congadeira, porém, essa lembrança não era reconhecida.
ℹ️ Conheça as pesquisas selecionadas pelo edital de Equidade Racial
“A comunidade da escola transitou por muito tempo nesse espaço como se não estivesse inserida, mesmo que à revelia, em uma territorialidade congadeira, parecendo sequer cogitar sua inserção no território ou na escola. No entanto, os sons ancestrais, ressoados, cumpriram e seguem cumprindo seu papel decolonizador”, explica a autora.
A publicação traz também textos escritos por docentes da escola; pesquisadores mineiros de Belo Horizonte, Montes Claros, Vale do Mucuri e Uberlândia; e representantes das comunidades quilombolas localizadas nas cidades de Belém e Moju (PA), Serra (ES), Brasília (DF), Araguaína (TO), Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São Paulo e São Carlos (SP), São Francisco do Conde (BA) e Cariri (CE).
A publicação registra ainda como foi a experiência pedagógica realizada pela professora com os estudantes e seus familiares na escola de Uberlândia, e apresenta recomendações que outros docentes podem adotar no cotidiano escolar, como a constituição do acervo antirracista, formada por livros, brinquedos, instrumentos musicais e demais materiais didáticos.
“Nesses textos, as leitoras e os leitores encontrarão reflexões e relatos tecidos não somente com rigor científico, mas com afeto. Há possibilidades de práticas escolares com crianças e adolescentes, avaliações sobre os desafios das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, relatos sobre formação de docentes em âmbitos de uma escola e de redes municipais e estaduais, incluindo a desafiante educação quilombola”, conta Neli.
Sobre a pesquisa
O trabalho que originou o livro ocorreu entre novembro de 2020 e abril de 2022. A iniciativa promoveu formação de professores, com foco na valorização da cultura e da história africana e afro-brasileira. Também foram realizadas rodas de conversa com os familiares dos estudantes.
Sobre o Edital
A pesquisa foi uma das selecionadas pelo Edital Equidade Racial na Educação Básica, uma iniciativa do Itaú Social, realizada pelo Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), em parceria com o Instituto Unibanco, Fundação Tide Setubal e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Ao todo, foram selecionados nove autores para escreverem artigos científicos com diversos temas sobre relação racial, como práticas pedagógicas antirracistas, feminismo negro e representatividade na literatura infantil. Os textos receberam apoio técnico e financeiro e podem ser acessados gratuitamente no site do programa.
Acervo Digital
Ao longo do ano, a biblioteca da Anansi vai contar com mais de 50 produções, entre livros, teses acadêmicas, artigos, e-books, jogos didáticos e vídeos. Entre os futuros materiais disponibilizados estarão os resultados das pesquisas aplicadas apoiadas pelo Edital Equidade Racial na Educação Básica.