O ensaio “Astro-Antropo-Lógicas: oriki das matérias (in)visíveis” é o novo livro disponível gratuitamente no acervo digital Anansi – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica. O título reflete sobre a relação racial a partir da Astrologia e Antropologia, estudos dos astros e da vida, respectivamente.
O conteúdo foi produzido pelo professor da UFRGS (Universidade Federal de Rio Grande do Sul), Alan Alves Brito, e traz elementos da astrofísica, como a composição do cosmo e estudo dos átomos, relacionando com a visão do universo sob a ótica das culturas africana e dos povos originários.
ℹ️ Conheça as pesquisas selecionadas pelo edital de Equidade Racial
Para a construção desse ensaio, o professor se apoia em textos científicos e poesias produzidos, especialmente, por negros e indígenas. O destaque para os autores é uma de forma dar luz às produções de conhecimentos fora do eixo europeu e norte-americano. Trata-se ainda de dar visibilidade àqueles que, historicamente, foram marginalizados na comunidade científica.
“Se pensarmos que a física e astronomia têm papel fundamental na construção do que é ciência, de como ela funciona e quais metodologias devem ser aplicadas desde sempre, esse jeito de pensar é racista. Não é uma particularidade da astronomia e da cosmologia. Quando a gente diz, do ponto de vista histórico, que as ciências são humanas, percebemos que nem todas as pessoas são ‘consideradas humanas’”, diz Alan.
O livro também sugere que professores de ciências da Educação Básica considerem autores de fora do eixo europeu, levando em conta a inclusão da história e cultura de matrizes africanas e indígenas no currículo escolar, conforme as leis 10.639/03 e 11.645/08. O objetivo é incentivar os estudantes a se reconhecerem nessas produções de conhecimento e a se tornarem cientistas.
A realização do livro ocorreu com apoio do Itaú Social e do Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), por meio do Edital Equidade Racial na Educação Básica. Confira outros produtos resultantes da parceria:
- Livro A educação Escolar em Perspectiva Quilombola: Cursos de Formação de Professores”, retrata a experiência de professores sobre educação quilombola;
- Livro “Bará: corpos-territórios em r(existência)”, conta a memória e a cultura da população negra da capital gaúcha;
- Jogo “Colha Palavras”, um caça-palavras que destaca nomes de ervas que possuem função medicinal ou fazem parte de uma cerimônia curativa;
- Publicação “Re-existências Negras: Caderno de Memória, ensaio fotográfico com professores, estudantes e funcionários negros da Escola Municipal de Educação Básica Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha;
- Documentário “Em Frente”, curta premiado que mostra cotidiano escolar, com o propósito de destacar o cuidado e a autoestima dos funcionários e estudantes negros.
Sobre o edital
Além do projeto realizado pelo professor Alan Brito Alves, o edital apoiou outras 14 iniciativas de pesquisas, de temáticas semelhantes, ocorridas em todas as regiões do país. Também foram selecionados nove autores para a produção de artigos científicos sobre diversos temas relacionados às práticas pedagógicas antirracistas, ao feminismo negro e à representatividade na literatura infantil. Os textos receberam apoio técnico e financeiro e podem ser acessados gratuitamente no site do programa.
Acervo Digital
Ao longo do ano, a biblioteca da Anansi receberá mais de 50 produções, entre livros, teses acadêmicas, artigos, e-books, jogos didáticos e vídeos. Os futuros conteúdos serão produzidos a partir dos resultados extraídos das pesquisas aplicadas apoiadas pelo edital Equidade Racial na Educação Básica.