O dia 8 de março é lembrado por ser uma data que celebra as lutas e conquistas das mulheres em busca de mais espaço em atividades civis. Uma dessas áreas que vem ganhando mais protagonismo feminino é a produção de conhecimento para identificar os desafios e soluções para diversos temas.
A educação integra esses motes com forte participação feminina, ganhando visibilidade ao longo dos anos. Esse aumento não ocorre apenas na atuação em sala de aula, mas também na gestão e na produção de propostas que lidam com os desafios escolares dos cotidianos.
O bullying e o cyberbullying são exemplos do que os docentes enfrentam em todos os anos letivos. Em resposta a essa realidade, a pesquisadora Luciene Tognetta propõe o protagonismo dos jovens enquanto resolução dos conflitos entre os estudantes.
“O protagonismo é importante porque o jovem defende bandeiras, abraça causas e sua geração já está mais acostumada com a diversidade. O que falta é oferecer formação, dar instrumentos aos alunos. Os espectadores de bullying são maioria e, em geral, não agem porque não sabem o que fazer. Quem integra uma equipe de ajuda sai com treinamento para isso”, explica a Luciene.
A pesquisadora foi uma das selecionadas pelo edital “Anos finais do ensino fundamental: adolescências, qualidade e equidade na escola pública”, promovido pelo Itaú Social em parceria com a Fundação Carlos Chagas. O estudo ocorreu entre os anos de 2019 e 2021 e envolveu a participação de 945.481 estudantes, 16.648 membros de equipes gestoras das escolas e 64.984 docentes do 6º ao 9º do ensino fundamental de São Paulo.
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“A educação estatística pode dar direção para a vida das pessoas, assim como um leme direciona uma embarcação”, conta a pesquisadora Mauren Porciúncula, coordenadora do estudo. Assim como Luciene, a pedagoga foi uma das pesquisadoras apoiadas pelo edital Anos Finais do ensino fundamental.
O objetivo da pesquisa de Mauren foi identificar como o letramento estatístico pode contribuir com a melhoria da educação dos estudantes. Para essa avaliação, foram realizadas atividades lúdicas e interdisciplinares que possibilitam às crianças e aos adolescentes a leitura das informações estatísticas veiculadas na sociedade, de forma autônoma e crítica.
A experiência das atividades resultou na criação de um livro, produzido a partir da visão dos docentes envolvidos com o projeto. A publicação recomenda que outras redes de ensino adotem o método estatístico, incentivando os estudantes a serem parte ativa no processo de investigação.
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Caroline Jango é diretora do campus Hortolândia (SP), do IFSP (Instituto Federal de São Paulo), sendo a única mulher negra a ocupar cargo de direção, entre todas as 36 unidades. Sua representatividade é acompanhada por toda sua trajetória profissional, que resultou na criação do projeto “AfroIF – Currículo, Pensamento Decolonial e Formação Docente”.
“Estudo as relações raciais e de gênero há 16 anos. Sempre tive uma inquietação e busquei dialogar sobre o meu pertencimento racial e sobre as dinâmicas raciais, mas ainda de um ponto de vista próximo ao senso comum. Eu não tinha repertório científico. Na graduação, passei a tê-lo e, já em 2006, iniciei a minha primeira pesquisa na área, uma iniciação científica. De lá para cá, toda a minha trajetória acadêmica — a pesquisa de conclusão de curso da graduação, o mestrado e o doutorado — foi desenvolvida a partir do tema do racismo na educação”, explica Caroline.
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O AfroIF é um dos estudos selecionados pelo edital Equidade Racial na Educação Básica, que buscou viabilizar e fortalecer estratégias de enfrentamento das desigualdades raciais na educação. A iniciativa foi realizada pelo Itaú Social e pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e contou com a parceria do Instituto Unibanco, da Fundação Tide Setubal e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).