Levantamento realizado pela Fundação Itaú revelou que professores avançaram nas habilidades digitais e no uso de aparelhos eletrônicos para práticas pedagógicas. O documento “Perspectivas internacionais para a reforma da educação digital: Diálogos com foco em políticas para o Brasil” foi realizado com base nos dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Segundo o estudo, a capacidade pedagógica digital dos professores cresceu de 50% para 80%, entre 2018 e 2022, aproximando os docentes brasileiros da média global, que é de quase 88%. O indicador não significa que o docente desenvolveu habilidades digitais avançadas, mas sim que consegue conciliar suas práticas pedagógicas com o uso de aparelhos eletrônicos.
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Outro item que subiu nesse mesmo período foi a oferta de recursos para que profissionais da educação aprendam a utilizar dispositivos digitais. O índice cresceu de cerca de 40% para 65%, embora também continue abaixo da média da OCDE, que é de cerca de 75%.
Uma das justificativas para esse aumento foi o advento Covid-19, que provocou o fechamento das salas de aulas e exigiu que as redes de ensino avançassem na oferta das tecnologias nas escolas. Em 2018, o percentual de alunos brasileiros preparados para ter um comportamento responsável na internet era de quase 20%, já em 2022, a taxa subiu para cerca de 40%.
Outra justificativa que garantiu os avanços foram o PNE (Plano Nacional de Educação), sancionado em 2014, e o “Programa de Educação Conectada à Inovação”. De acordo com o estudo, para consolidar o uso das ferramentas digitais é crucial a ampliação da infraestrutura de educação digital em larga escala, possibilitando superar as lacunas regionais e as desigualdades socioeconômicas.
Dificuldade
O levantamento mostrou que apenas 23% dos brasileiros entre 15 e 73 anos conseguem concluir tarefas digitais básicas, como copiar ou mover arquivos e enviar e-mails com anexos. Esses números estão bem abaixo da média global dos países que integram a OCDE, que é de aproximadamente 55%.
Os brasileiros que demonstraram conhecimentos avançados no uso das ferramentas digitais, como uma linguagem de programação especializada, somam apenas 3%, cerca de um terço da média global (10%).
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Desigualdades
O estudo mostra ainda que, embora 83% das residências brasileiras tenham acesso à internet e 61% possuem computador, essa distribuição é desproporcional. Em áreas de vulnerabilidade, apenas 13% das residências dispõem de computador e nas áreas rurais, o número é de 17%.
A desigualdade também se reflete na etnia e nas condições financeiras. No fim de 2021, um aluno negro, cuja renda familiar era inferior a dois salários mínimos, tinha três vezes menos probabilidade de ter acesso a um computador conectado à internet em casa do que um aluno branco com rendimento superior a dois salários mínimos.