

Por Paula Salas, Rede Galápagos, São Paulo
“Como faço para ensinar de uma forma que meu aluno aprenda?” Para Camila Fattori, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa Cedac, esse é o questionamento que deve estar presente na rotina dos professores orientando a formação continuada — que deve estimular uma mudança de prática. “É uma política de extrema importância para garantir a equidade na educação”, defende Tatiana Bello, gerente de implementação do Itaú Social.
Neste momento em que a recuperação de aprendizagens é uma das principais necessidades das redes, o aperfeiçoamento profissional é essencial. “É uma das condições; sem ela não adianta nada”, destaca Camila, pontuando que há outros requisitos, mas que para fazer um bom uso da infraestrutura e materiais disponíveis é essencial uma boa preparação dos educadores.
Foi pensando nisso que Antonella Arges, supervisora dos Anos Iniciais na Secretaria Municipal de Congonhas, em Minas Gerais, começou a realizar o percurso Recuperação das Aprendizagens, disponível no Polo, o ambiente de formação do Itaú Social. Em sua rede, após a retomada presencial das atividades, o primeiro passo foi garantir o acolhimento das equipes escolares, famílias e alunos. Em seguida, fazer um diagnóstico aprofundado das aprendizagens e, a partir desses resultados, pensar nas ações de recuperação de aprendizagens. Foi nesse ponto que ela buscou a formação para apoiar sua prática. “Vem nos fornecer subsídios para que esse trabalho seja verdadeiramente implementado”, afirma.
A partir dos aprendizados, o próximo passo será replicar os conhecimentos para o restante da equipe pedagógica. “Essa formação vai me ajudar a organizar e planejar pautas de trabalho com as equipes das escolas considerando o replanejamento e acompanhamento das aprendizagens. Garantir a continuidade das trajetórias escolares”, relata Antonella.

Conhecimento construído a partir da prática
O percurso foi resultado da experiência de formações do Cedac com mais de 1.350 educadores de 792 municípios.
A partir dessas trocas, a equipe pôde mapear as necessidades e quais eram os vácuos da formação e os pontos que iam demandar mais atenção das secretarias. “O percurso foi pensado a partir do que seria a maior necessidade das redes”, explica Tatiana.
Desde o início da pandemia, o Itaú Social e parceiros estratégicos como o Cedac realizaram diversos cursos gratuitos que dialogam com o momento enfrentado pela educação. No final de 2021, entendeu-se que as escolas viviam uma nova fase da pandemia. “Elaboramos esse percurso pensando no que ainda funcionava de tudo que foi produzido e no que precisava ser renovado”, conta Camila.
Dessa forma chegaram a um percurso composto de seis cursos gratuitos. Eles podem ser realizados no tempo e na ordem que melhor atendam às necessidades da secretaria. Os temas vão desde a busca ativa dos estudantes até a reorganização das atividades pedagógicas e a forma de acompanhar as aprendizagens.

“Nós renovamos o curso de flexibilização curricular pensando que as redes devem estar atentas se a priorização que fizeram antes ainda é necessária, se foi feita de forma colaborativa com os professores e como o currículo deve ser pensado na escola”, exemplifica a especialista do Cedac. Camila conta que alguns dos cursos foram elaborados especialmente para atender ao contexto atual, isto é, são totalmente inéditos. Um deles é o de avaliação diagnóstica. “Ela não deve ser feita só no início do ano, mas ao longo do ano, pois permite que o professor mude as estratégias”, explica a formadora, dando uma prévia do que é possível encontrar na formação.
Outro ponto essencial para quem está planejando as ações de recuperação é reorganizar as atividades pedagógicas. Isto é, pensar em como aproveitar os tempos e espaços escolares para favorecer a aprendizagem dos estudantes. “São passos de um planejamento que visa olhar para a criança buscando entender como ela está e como a escola garante o processo de aprendizagem”, explica Tatiana Bello, gerente de implementação do Itaú Social.
Quem realiza a formação tem acesso não apenas aos conceitos importantes para esse esforço necessário para lidar com os impactos da pandemia. Encontra também instrumentos e estratégias para estruturar os estudos e ações da rede. “Tem uma dimensão muito prática, um conjunto de materiais que tenta oferecer uma ajuda prática”, explica Camila. “A ideia é subsidiar, dar ferramentas ao educador”, conclui Tatiana.
Saiba mais
- 2º Seminário Melhoria da Educação: Recuperação das aprendizagens com foco em equidade
- Percurso Recuperação das Aprendizagens
- Gestão da educação para a equidade racial