Oito em cada dez familiares de alunos apoiam a ampliação dos conteúdos sobre a diversidade étnico-racial e a expansão da oferta de atividades artísticas, esportivas e culturais nas escolas. Esse resultado indica que, na percepção dos pais e responsáveis, a temática é pouco explorada em sala de aula, mesmo após 22 anos da promulgação da Lei 10.639/03, que estabelece a inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar.
De acordo com os participantes do levantamento, o aumento dos conteúdos sobre diversidade étnico-racial é importante para o desenvolvimento da criança. Os dados são do estudo “Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal”, realizado pelo Instituto Datafolha a pedido da Fundação Itaú e do movimento Todos Pela Educação.
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Embora a legislação exija essa abordagem, muitos professores enfrentam dificuldades na elaboração de projetos pedagógicos que valorizem a cultura africana e afro-brasileira. Caroline Jango, diretora do Instituto Federal de São Paulo, Campus Hortolândia, explica que as justificativas mais comuns para a falta de abordagem do tema racial são: “não sei”, “não tenho formação para” ou “não acho importante”.
“Os dois primeiros argumentos são utilizados, principalmente, por aqueles que entendem que devem promover esses temas, mas sentem-se despreparados. Já o terceiro grupo diz que não tratam desses conteúdos pois acreditam que aquilo não é responsabilidade deles”.
ℹ️ Confira as pesquisas selecionadas no Edital Equidade Racial na Educação Básica
A educadora foi responsável pela construção do projeto “AfroIF — Currículo, Pensamento Decolonial e Formação Docente”, um dos estudos selecionados pelo edital Equidade Racial na Educação Básica. A conclusão da pesquisa aponta a necessidade de promover formação continuada para os docentes, com o objetivo de fortalecer e institucionalizar o ensino das culturas africana, afro-brasileira e indígena nas diversas disciplinas do currículo escolar.
“É essencial refletir sobre a interdisciplinaridade e as questões curriculares. A Lei 10.639 assegura institucionalmente esse ensino, mas é necessário desenvolver mecanismos que realmente transformem a cultura escola”, finaliza.
Alternativas de curso
A Escola Fundação Itaú oferece gratuitamente os cursos “Trilha Formativa de Equidade Racial” e “Tecnologia educacional – Gestão da educação para a equidade racial”. Ambos apresentam conceitos fundamentais sobre como age o racismo no Brasil e opções de como trabalhar a temática racial em sala de aula.