O Dia Nacional do Tradutor e Intérprete de Libras, celebrado em 26 de julho, busca lembrar da relevância do profissional na inclusão das pessoas com deficiência auditiva na sociedade. A ausência desse especialista no ambiente escolar pode provocar a evasão de estudantes, como mostra experiência recente em Salvador (BA), quando unidades municipais de ensino perderam seus intérpretes, resultando na evasão dos alunos beneficiados, privados de participar normalmente das aulas.
Segundo a 10ª onda da pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias, a evasão escolar decorrente da dificuldade do aluno em acompanhar o conteúdo pedagógico é o terceiro maior medo dos pais ou responsáveis, totalizando 16% das respostas, sendo que esse índice considera todas as crianças, podendo ser maior para estudantes com deficiência, conforme a 8º onda do mesmo estudo.
ℹ️ Plano CDE mostra que estudantes com deficiência correm mais risco de evasão escolar
O Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão (13.146), aprovada em 2015, têm sido fundamentais para impulsionar significativamente a inclusão de crianças com deficiência no ensino público. De acordo com a legislação, as escolas são obrigadas a oferecer intérpretes bilíngues (libras / língua portuguesa) para estudantes surdos, o que tem contribuído significativamente para a efetiva participação desses alunos em sala de aula.
Dados do Censo Escolar 2022 indicam que nos últimos dez anos o número de alunos com deficiência saltou de 40 mil para 174 mil na Educação Infantil, de 485 mil para 914 mil no Ensino Fundamental e 42 mil para 203 mil no Ensino Médio. Considerando todas as etapas da educação básica, a cobertura alcança mais de 90% desse público em classes comuns.
Atendimento Educacional Especializado
Além da oferta de intérprete de libras, as escolas que possuem estudantes com deficiência matriculados devem oferecer o AEE (Atendimento Educacional Especializado), que acontece no contraturno por meio do encontro do aluno com um professor especializado, que o apoiará na aprendizagem dos conteúdos apresentados em sala de aula.
A coordenadora de Advocacy do Instituto Rodrigo Mendes, Luiza Corrêa, reforça que esse acolhimento deve ser um complemento, não a principal fonte de aprendizagem da criança ou do adolescente. “Existe também mais uma tarefa do AEE: o trabalho colaborativo do professor regular daquele estudante. No cenário ideal, o professor rege um modelo de aula em que aquele indivíduo consiga se engajar, participar, ter acessibilidade”.
Livros acessíveis
Para ampliar a inclusão de crianças também no universo literário, o programa Leia com uma criança, do Itaú Social, oferece de maneira gratuita 22 livros com recursos acessíveis, sendo eles locução, audiodescrição detalhada, audiodescrição poética e narração em libras. Para ter acesso, basta se cadastrar no site.
A literatura em libras possibilita às crianças surdas o aprimoramento do conhecimento da língua portuguesa e da língua de sinais, além de contribuir com o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo, reforçando o laço entre o adulto e a criança.