O Dia Internacional da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, chama a atenção para um desafio histórico que professores enfrentam cotidianamente na educação básica: ensinar crianças a ler e escrever. O futuro PNE (Plano Nacional de Educação) estabelece que todos os estudantes, até 2034, apresentem nível adequado de letramento antes de ingressarem nos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).
O último levantamento sobre o grau de alfabetização é de 2021, período em que as crianças estudavam em casa devido à pandemia. Esse estudo aponta que mais da metade dos alunos (56%) não alcançaram níveis adequados de letramento até o 2º ano do Ensino Fundamental, evidenciando que o Brasil ainda precisa caminhar muito para atingir os objetivos esperados no futuro.
O indicador também apresentou uma queda no avanço da alfabetização no país, visto que na edição de 2019, a taxa de crianças analfabetas no 2º ano do Fundamental era de 41%, cerca de 15% a menos do que em 2021.
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Para Isabel Cristina Alves da Silva Frade, doutora em Educação pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a queda no índice de alfabetização está relacionada à descontinuidade de políticas importantes como o “Programa Nacional da Biblioteca na Escola” e o “Programa Nacional do Livro Didático”, o que, segundo a especialista, significou um retrocesso ao reduzir a complexidade da alfabetização.
A pesquisadora aponta que o aumento de matrículas em creches e pré-escolas pode colaborar para o letramento. “A universalização da educação infantil como um direito da infância certamente contribui para o modo como as crianças experienciam a cultura escrita na escola. Embora não seja específica para a alfabetização, ela acaba impactando os Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)”, explica Isabel.
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Práticas positivas
Na cidade de Bayeux, que apesar do nome de origem francesa, está localizada a cerca de dez quilômetros da capital João Pessoa (PB), ocorre o projeto “Alfabetizar Letrando com Poesia e Música”, apoiado pelo Edital FIA (Fundos da Infância e Adolescência), de 2022.
A iniciativa mistura atividades artísticas com a de letramento e atendeu 93 crianças de doze escolas ao longo do ano. Ao fim do ciclo, 69% dos docentes afirmaram que os alunos apresentaram evolução entre razoável e excelente na escrita e 68% perceberam progresso na leitura. Além do apoio à alfabetização, o projeto desenvolveu atividades socioeducacionais, como aulas de judô, caratê, dança, teatro e música, e promoveu um curso preparatório para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).