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Requalificação para ir em frente

Na Paraíba, especialista em saúde da família encontra nas formações do Polo os conteúdos para se aprimorar como gestora e educadora social


Adélia Gomes é uma das idealizadoras do AfroAfeto: “Iniciativa de autocuidado voltada para a população negra que busca uma reconexão com práticas ancestrais”. Foto: Arquivo pessoal

Por Wallace Cardozo, Rede Galápagos, Salvador
Depoimento de Adélia Gomes, gestora estadual de saúde da população negra da Paraíba, mãe de dois adolescentes, educadora física, especialista em saúde da família, dançarina, terapeuta corporal — e cursista do Polo

Sou formada em educação física e especialista em saúde da família. Mãe de dois adolescentes e apaixonada pela vida. Faço bem-feito tudo a que me proponho. A minha existência sempre esteve pautada em fortalecer o bem-estar da população preta. Hoje, sou gestora estadual de saúde da população negra no estado da Paraíba. Dialogo com os municípios para garantir a implementação das políticas nacionais de saúde voltadas para esse público por meio da qualificação de profissionais, seminários, oficinas e avaliações.

Mas o meu caminho começou a ser traçado bem antes. Descobri o meu vínculo com a ancestralidade na capoeira e ali iniciei a minha militância. Logo entendi que fazer tudo bem-feito não era uma opção para mim, mas sim a única alternativa. Durante meia década, fiz parte de uma organização de mulheres negras. Essa foi a minha primeira experiência profissional. Nos cinco anos seguintes, estive numa associação de prevenção à aids. Nas organizações da sociedade civil (OSCs), fui técnica e coordenadora de projetos, educadora social, passei por várias funções e colecionei experiências.

Uma das pautas que mais defendi — e defendo — era a de que pessoas negras deveriam ocupar mais espaços na gestão pública. Por isso, dediquei os últimos dez anos da minha vida às políticas de saúde do meu estado. Entretanto, sinto que é hora de mudar de ares. A partir de um projeto pessoal, percebi que é junto às organizações da sociedade civil que quero realizar aquilo em que acredito. O AfroAfeto é uma iniciativa de autocuidado voltada para a população negra que busca uma reconexão com práticas ancestrais, principalmente por meio da dança afro.

Entendi que, para retornar ao trabalho com as OSCs, preciso me requalificar. Dez anos se passaram e muita coisa está diferente hoje. Certo dia, minha sócia e eu fomos promover um momento de autocuidado com os facilitadores de uma instituição parceira do Itaú Social. Conversa vai, conversa vem, ficamos sabendo do Polo. Assim que cheguei em casa, eu me inscrevi no curso Monitoramento para OSCs. O monitoramento é um momento fundamental porque envolve o conhecimento do público e do território em que se trabalha.

Foi interessante voltar a pensar sobre planejamento, indicadores e exequibilidade com o conhecimento que adquiri com a minha atuação na gestão pública, mas desta vez sob a perspectiva das OSCs. O curso representou para mim a possibilidade de refletir sobre flexibilidade e a importância do feedback, por exemplo.

Adélia conta que iniciou a sua militância dentro do movimento da capoeira, onde entendeu pela primeira vez o seu vínculo com a ancestralidade. Foto: Arquivo pessoal

Acredito que a forma como os conteúdos são abordados na formação pode acabar sendo mais prática do que a própria prática, pois nos provoca a pensar no que está sendo feito em cada etapa. Muitas vezes, monitoramento e avaliação são feitos de forma meio automática e funcionam como uma mera prestação de contas obrigatória. Por falar em prática, os aprendizados já estão sendo aplicados no AfroAfeto. Recentemente, organizamos uma roda de conversa em um terreiro. No momento de elaborar o relatório, tomamos como base as orientações do curso ao pensar previamente o que precisaria constar na prestação de contas e qual a forma mais eficiente de organizar as informações.

Enviei o curso para um grupo de educadores populares do qual faço parte e estou recomendando o Polo para todo mundo. Inclusive, já sei qual será a minha próxima formação: Captação externa de recursos. Pretendo voltar a atuar em alguma OSC e ter um tempo de melhor qualidade para dedicar ao AfroAfeto. Seguirei a minha trajetória profissional e social, fazendo bem-feito tudo a que me proponho, entendendo as minhas prioridades como mulher negra e aplicando todo o conhecimento acumulado nesses anos de capoeira, afeto, maternidade, serviço público, atuação social e formações — e o que mais estiver por vir.

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