O Itaú Social, em parceria com o Instituto Catalisador, conduziu um mapeamento de práticas STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) entre professores em todo o Brasil. O objetivo foi identificar, documentar e compartilhar experiências educacionais que integram essas disciplinas de forma prática.
Mais da metade (63,9%) dos projetos mapeados integram conteúdos de duas ou mais disciplinas. As abordagens interdisciplinares, com o foco na resolução de problemas, estimulam o pensamento crítico dos estudantes, além de incentivar a manifestação criativa, a comunicação propositiva, entre outras habilidades.
ℹ️ Guias aproximam educação integral da realidade dos territórios
Em Marabá (PA), o projeto ConsCIÊNCIA, tendo à frente o professor Daniel Oliveira da Silva, engaja 100 estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) em ações educativas voltadas para a sustentabilidade ambiental. Trata-se de ações que integram professores de Ciências, Artes e da sala de leitura para promover atitudes que mitiguem problemas ambientais causados pela comunidade, incentivando os alunos a se enxergarem como agentes de mudança na sociedade.
A iniciativa inclui a criação de uma horta escolar, a produção de adubo por meio de composteiras, a fabricação de sabão a partir de óleo de cozinha descartado e mutirões de limpeza. Essas atividades visam não apenas conscientizar os estudantes, mas inspirá-los a replicar as práticas fora da escola. “Nosso objetivo é formar cidadãos conscientes, que entendam seu papel na preservação do meio ambiente e levem esses aprendizados para suas comunidades”, afirma Daniel.
Os resultados já são perceptíveis: o engajamento dos alunos se multiplica e reverbera além dos muros da escola. Segundo Daniel, pais e membros da comunidade local têm procurado a instituição para trocar óleo usado por sabão em barra, evidenciando o impacto direto do projeto.
ℹ️ Conheça a abordagem interdisciplinar STEAM
Em Porto Alegre (RS), a professora Cristiane Cabral enxergou na robótica uma possibilidade de abordar a diversidade com alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental. O projeto “Dança de Robôs” orienta os estudantes a pesquisarem, construírem e programarem os engenhos para se apresentarem em um palco com música, culminando na exibição em um evento científico.
Em parceria com o Laboratório de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, a última edição teve como base o combate à intolerância religiosa, destacando as entidades de religiões afro-brasileiras. Desde 2010, as oficinas do projeto ocorrem no contraturno escolar e ganham cada vez mais relevância no processo de ensino aprendizagem.
O trabalho com robótica também abrange aspectos socioemocionais que contribuem para que as crianças e jovens aprendam a lidar com o ganhar e o perder, e incentivando a continuação dos estudos em cursos técnicos no Ensino Médio. “É mais do que ensinar programação, é uma paixão que promove o aprendizado de forma prática. A metodologia, baseada em projetos, tem se mostrado eficaz para desenvolver a autonomia desses alunos. O lugar da aprendizagem é na diversidade”, ressalta Cristiane.
Uma das características da abordagem STEAM é a prática “maker”, que valoriza as experiências práticas durante o processo de aprendizagem dos estudantes. Os resultados bem-sucedidos presentes no mapeamento promovem um ambiente de aprendizado onde os alunos têm autonomia para explorar seus interesses, colaborar em equipe e conectar o aprendizado com a realidade local.
Sobre o STEAM
A proposta foi criada nos Estados Unidos na década de 1990, a partir de pesquisas e avaliações que evidenciaram uma desatenção dos alunos pelas ciências exatas. A adoção do STEAM motiva conhecimentos técnicos essenciais para despertar a criatividade, a empatia, o humanismo e o desenvolvimento de tendências, como o pensamento computacional e a cultura maker.