A nova edição da pesquisa “Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal” revelou que a expansão do número de escolas em tempo integral deve ser uma ação prioritária para as próximas gestões municipais. O estudo foi realizado pelo Instituto Datafolha a pedido da Fundação Itaú e do movimento Todos Pela Educação.
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Para 30% das famílias de estudantes do Ensino Fundamental da rede pública municipal, é essencial ampliar a carga horária, com no mínimo sete horas diárias. Entre os efeitos positivos enxergados pelos entrevistados estão o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, como a promoção de habilidades de relacionamento, a expressão de emoções e a motivação para o futuro.
Outras prioridades elencadas para os novos gestores incluem a necessidade de aprimorar:
- A infraestrutura escolar (20%);
- as condições de trabalho dos professores (17%);
- os investimentos na alfabetização dos estudantes (17%).
Além disso, quando questionados sobre a percepção em relação à escola, seis em cada dez responsáveis afirmam que os estudantes estão realmente aprendendo o esperado para a idade. O dado está alinhado com o índice “Compromisso Nacional – Criança Alfabetizada”, divulgado neste ano, que aponta que apenas 56% dos alunos estão adequadamente alfabetizados ao final do 2º ano do Ensino Fundamental.
“Os resultados da pesquisa oferecem subsídios significativos para a formulação de políticas públicas. A ampliação do acesso às escolas de tempo integral, melhorias na infraestrutura e maior suporte aos professores aparecem como caminhos prioritários para atender às demandas das famílias, estimulando transformações na realidade da educação, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica. A carga horária ampliada, se vier junto com aulas engajadoras e professores bem preparados e valorizados, não apenas potencializa a aprendizagem, mas desenvolve habilidades emocionais e sociais fundamentais para a formação de cidadãos preparados para os desafios e as incertezas do futuro”, ressalta Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
Evasão Escolar
Cerca de metade (51%) dos responsáveis concordam que “muitos estudantes estão abandonando a escola”. Esse receio é ainda mais evidente entre as famílias com menor rendimento: 53% dos responsáveis com renda de até um salário mínimo concordam totalmente ou em parte com essa afirmação, uma diferença de 16 pontos percentuais em relação às famílias com renda superior a cinco salários mínimos (37%).
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Aprendizagem
Nove em cada dez responsáveis (91%) acreditam que é imprescindível fortalecer o ensino de matemática nos currículos escolares. Mais de 80% apoiam a ampliação de atividades artísticas, esportivas e culturais, além da inclusão de temas sobre diversidade étnico-racial.
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Qualidade da aprendizagem
A qualidade da aprendizagem é outro ponto de atenção destacado pelos entrevistados. Entre os responsáveis por estudantes dos Anos Iniciais (1º ao 5º ano) do Ensino Fundamental, 64% acreditam que os alunos estão adquirindo o conhecimento esperado para a idade. Já nos Anos Finais (6º ao 9º ano), essa confiança diminui para 59%.
Protagonismo docente
As famílias reconhecem que os professores são o elemento mais importante para a garantia da aprendizagem de crianças e adolescentes. Itens como maior acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e melhor formação e qualificação dos docentes receberam 86% de concordância entre os entrevistados e foram considerados centrais para a melhoria da aprendizagem dos estudantes. Além disso, 70% dos pais e responsáveis relataram que os alunos se sentem acolhidos pelos professores, reforçando o papel dos educadores na construção de um ambiente escolar positivo.
Sobre a pesquisa
A pesquisa quantitativa foi realizada com 4.969 pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes de seis a 18 anos. O estudo foi conduzido entre julho e agosto deste ano, utilizando entrevistas individuais com uma abordagem híbrida. Essa abordagem inclui contatos presenciais em locais de grande circulação nas áreas pesquisadas e entrevistas telefônicas, realizadas por meio de sorteio aleatório de números de celular, distribuídos de acordo com os códigos DDD. As amostras foram estratificadas por região geográfica e tipo de município, com base nas proporções de matrículas registradas no Censo da Educação 2023. As entrevistas foram guiadas por um questionário estruturado, com duração média de 24 minutos.