O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação), divulgou os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023. O relatório indica que as lacunas de aprendizagem e a irregularidade na trajetória escolar aumentam nos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).
A etapa dos Anos Finais do Ensino Fundamental foi a única da educação básica a oscilar negativamente, em comparação ao último resultado do Ideb, partindo da nota 5.1, em 2021, para 5.0, em 2023. A meta estabelecida para essa fase era de 5.5.
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“A estagnação do desempenho nos Anos Finais do Fundamental é preocupante, pois não se pode esperar bons resultados no Ensino Médio se os nossos pré-adolescentes e adolescentes enfrentam dificuldades de aprendizagem, e até mesmo em se manter na trajetória escolar regular”, explica a superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
Nos Anos Iniciais do Fundamental (1º ao 5º ano) houve um ligeiro avanço, em comparação à última edição, passando da nota 5.8 para 6.0, atingindo a meta. Já no Ensino Médio, apesar da modesta evolução, de 4.2 para 4.3, o resultado ficou aquém do objetivo, de 5.2.
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“Os resultados do Ideb evidenciam que os Anos Finais do Ensino Fundamental não podem continuar sendo esquecidos. Temos uma grande oportunidade, como país, para dar mais foco e apoio às redes de ensino que ofertam essa etapa, seja na formação de professores especialistas, no apoio técnico, ou na disponibilização de recurso”, acrescenta Patricia.
Estagnação do desempenho
Os dados do Inep revelam um aumento no desempenho dos alunos em toda a educação básica, porém, a performance não retornou ao patamar anterior à pandemia. Nos Anos Finais do Fundamental, a proficiência em língua portuguesa registrou 258,8 pontos em 2023, um aumento em relação a 2021, que marcou 257,9, mas ainda abaixo dos 260,1 registrados em 2019.
Em matemática, a distância é ainda mais acentuada. Enquanto na pré-pandemia os alunos registravam 263 pontos, o Ideb mais recente revelou apenas 257,1, um ligeiro aumento em relação à edição anterior (2021), com 256,3.
Trajetória irregular marca os Anos Finais
Historicamente, os Anos Finais do Fundamental têm recebido menos atenção por parte do poder público. A pesquisa “A permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais”, da Fundação Itaú, mostrou que cerca de metade dos estudantes nascidos entre 2000 e 2005 conseguiu concluir essa etapa na idade certa.
Mais recentemente, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) apontou que 6,2% dos adolescentes de até 13 anos e 6,6% daqueles que estão na faixa dos 14 anos estão fora da escola, indicando uma evasão escolar precoce. Além disso, 94,6% dos alunos estão na etapa escolar adequada, sendo esse o menor índice registrado desde o início da série histórica em 2016.
Sobre o Ideb
O Ideb é o principal índice de monitoramento da qualidade da educação brasileira. A nota é calculada a partir de dois componentes: o desempenho dos alunos nas avaliações de matemática e português, e a taxa de aprovação escolar.
Vale mencionar que o Ideb de 2021 teve resultados influenciados pela alta taxa de aprovação dos estudantes durante a pandemia, mas sem o necessário avanço na aprendizagem. A orientação, na época da pandemia, partiu do CNE (Conselho Nacional de Educação) e visava garantir a trajetória escolar regular e evitar possíveis casos de abandono.