Para 84% dos professores de escolas públicas do Ensino Fundamental e Médio, as aulas presenciais formam docentes mais bem preparados para o início da profissão. Apesar disso, em 2020, seis a cada dez afirmam que se graduaram por meio do ensino a distância.
O resultado faz parte da pesquisa de opinião realizada pelo Itaú Social, Todos Pela Educação, Instituto Península e Profissão Docente, encomendada ao Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), que ouviu mais de 6,7 mil professores de escolas públicas de todo o Brasil.
Outro dado relevante do estudo mostra que apenas 19% concordam totalmente que os atuais cursos de graduação de Pedagogia e licenciaturas estão preparando bem os docentes para o início da profissão. Ainda sobre o começo da carreira, 56% afirmam não terem recebido orientação específica em seu primeiro ano de docência, quando estudos demonstram que a curva de aprendizagem é muito mais alta nos cinco primeiros anos de prática.
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Além dos desafios relacionados à formação inicial, outras preocupações são evidenciadas na pesquisa. Apenas 7% dos entrevistados concordam (2% totalmente e 5% em parte) que no Brasil os professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados, e 92% concordam (61% totalmente e 31% em parte) que gostariam de participar mais do desenho de políticas e de programas educacionais de sua rede de ensino.
Apesar dos desafios e da pouca valorização, a maioria dos entrevistados respondeu que, se pudesse decidir novamente, ainda escolheria ser professor – cerca de oito em cada 10 concordam (62% totalmente e 21% em parte) com essa afirmação.
Confira outros resultados da pesquisa:
- 94% dos docentes concordam (68% totalmente e 26% em parte) que a progressão na carreira deve vir por meio da melhoria da prática pedagógica;
- 42% discordam (25% totalmente e 17% em parte) de que seus planos de carreira atendem suas expectativas de crescimento profissional.
Na sala de aula:
- 28% apontam que o principal desafio da educação atual é a defasagem na aprendizagem dos estudantes;
- 31% dos professores identificaram que os estudantes estão desinteressados pelas aulas;
- 18% citam casos de indisciplinas dos alunos.
Em resposta aos desafios, os professores citaram 10 prioridades que Secretarias de Educação deveriam adotar nos próximos anos, entre elas, quatro concentraram a maioria das respostas:
- A oferta de apoio psicológico a professores e estudantes (18%);
- O aumento do salário dos professores (17%);
- A promoção de programas de reforço e recuperação (16%);
- A promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (14%).
“A implementação de programas de reforço e recomposição das aprendizagens é uma prioridade para enfrentarmos o cenário de aprofundamento das desigualdades enfatizado pelos professores. São necessárias ações estruturadas nas distintas instâncias da gestão educacional, desde as Secretarias, gestão das escolas até novas práticas pedagógicas na sala de aula para dar conta dos desafios. Também é importante fortalecer o diálogo e a articulação entre o Governo Federal e estados e municípios para avançar com a oferta de ensino integral e a Busca Ativa para alcançar, especialmente, os estudantes mais prejudicados com o fechamento das escolas em razão da pandemia de Covid-19”, reflete a superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
Sobre a pesquisa
Como parte da iniciativa Educação Já – agenda sistêmica que apresenta diagnósticos e propostas para o enfrentamento dos principais desafios da Educação brasileira – o Todos Pela Educação realiza um amplo processo de escuta com atores da comunidade escolar. Em 2022, outras pesquisas captaram as percepções de alunos e diretores de escolas públicas de todo o País. O intervalo de confiança da pesquisa com professores encomendada ao Ipec é de 95% e a margem de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos sobre os resultados analisados, considerando o total da amostra.
As entrevistas foram realizadas entre julho e dezembro de 2022 e permitem compreender a percepção dos docentes brasileiros sobre diferentes questões da Educação Básica. Foram explorados temas como a progressão de carreira e a percepção sobre a profissão. Essa pesquisa também permite a leitura independentemente dos resultados no nível estadual, com exceção dos estados de Roraima e Amapá, cujas amostras realizadas não atingiram o tamanho suficiente para garantir a leitura independente dos resultados por estado, mas constam nas leituras pelo total e por região.
Confira os resultados da pesquisa de opinião dos professores por Estado: