

Por Marcos Furtado, Rede Galápagos, Rio de Janeiro
Depoimento de Claudia Rampinelli Pizza, técnica pedagógica na Secretaria de Educação municipal de João Neiva, Espírito Santo. Atua nas fases creche e pré-escola — e é cursista do Polo
Depois de me aposentar e deixar as salas de aula, eu não parei e, atualmente, sou técnica pedagógica. Como me reúno periodicamente com os pedagogos do município de João Neiva, no Espírito Santo, preciso constantemente ampliar meus conhecimentos para compartilhar novas possibilidades, metodologias e estratégias pedagógicas. Atenta às diversas formações, encontrei e me inscrevi no curso “O coordenador pedagógico como formador”.
Esse curso on-line é uma excelente oportunidade para ampliação da visão profissional de qualquer pedagogo, pois desenvolve habilidades que tornam o trabalho de coordenação dos professores mais eficiente. Um dos principais aprendizados que tive no curso foi a apresentação de referências de conhecimento multiplataformas, incluindo podcasts, que facilitam o entendimento da Base Nacional Comum Curricular. O curso me deixou ainda mais interessada na BNCC, especialmente com relação aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Por exemplo, recebemos, neste ano, na Secretaria de Educação de João Neiva, uma demanda para sugerir atividades nas escolas. Além de pesquisar com base no que os professores não estão aplicando em sala de aula, eu tenho buscado os conhecimentos do documento que norteia a educação do Brasil para apontar essas sugestões. Desse modo, os conhecimentos do curso relacionados me facilitaram colocar em prática as diretrizes da BNCC na minha rotina de trabalho.
O curso é prático, tem curta duração e a maneira como o conteúdo foi organizado me ajudou a prosseguir com as aulas de acordo com a minha disponibilidade. Como todos os educadores precisam participar de seminários e congressos para se manterem atualizados, os cursos on-line são alternativas para suprir essa necessidade de forma mais prática. Especialmente em cidades como a minha, que é localizada no interior.
Outro aspecto positivo da formação é a possibilidade de compartilhar as aprendizagens. Desde que fiz o curso, no início de 2023, utilizo as reuniões mensais que tenho com os pedagogos do município para destacar tópicos desenvolvidos no curso: a importância de ter conhecimento profundo da BNCC e as formas de utilizar a tecnologia para trabalhar com os professores. Eu pude pegar tudo o que aprendi na formação para transmitir às outras pessoas. Dessa forma, desejo que os educadores, além de contar com as formações da Secretaria de Educação, possam pesquisar por conta própria diversas referências de estudos para aplicar nas escolas. Se os pedagogos com quem dialogo compreenderem isso, ajudarão os professores a melhorar suas práticas e metodologia profissionais.
Mesmo com meu foco na secretaria sendo a pedagogia de educação infantil, apoio alguns projetos de outras etapas de ensino. Por exemplo, tenho orientado pedagogos e alguns professores de escolas de ensino fundamental que têm alunos participando de um concurso de produção textual. Essa prática faz parte do meu histórico de trabalhar com diversas etapas do ensino. Comecei minha vida profissional trabalhando com educação infantil. Posteriormente, atuei no ensino fundamental, creche e educação infantil. A partir dessas experiências, enxergo que um dos principais desafios da educação é a evasão escolar. O nosso objetivo é garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem dos alunos. Entendo que só vamos conseguir atingi-lo com uma metodologia que favoreça uma aprendizagem capaz de não deixar ninguém para trás. Todos têm o direito de aprender, mesmo que seja com condições variadas.
Recentemente, tivemos a pandemia, que ampliou as desigualdades na educação. No município, constatamos que as crianças estão com dificuldades na oralidade, pois tinham restrições de recursos didáticos durante o isolamento social. Diante dessa fragilidade, colocamos atividades para estimular essas habilidades, como rodas de conversa, trabalhos de leitura e cantorias. Outro ponto que focamos foi na interação de crianças que não sabem compartilhar os espaços e os momentos de brincadeiras. O curso trouxe essa questão de pensar uma metodologia voltada para o ritmo dos estudantes, possibilitando o princípio da equidade para que essas crianças avancem e tenham o desenvolvimento integral e que isso fique compensado sem ter defasagem de aprendizagem ampliada devido às consequências da crise sanitária.
Se eu pudesse resumir o curso em uma frase, diria que ele traz recursos para o profissional organizar o seu trabalho em sala de aula. Por não estar na escola de forma direta, interajo com os pedagogos e eles me passam as fragilidades identificadas nas escolas. Após ver suas respostas, envio os conhecimentos que adquiri no curso para ajudar nas demandas específicas. Dessa forma, eles não ficam dependentes da gente. Podem pesquisar, encontrar e compartilhar referências de conhecimentos e experiência com os demais professores. A lógica é você capacitar alguns, que, por sua vez, conseguem formar outros. Por fim, há melhorias na prática da sala de aula e no aprendizado dos alunos. Isso é uma coisa que me motiva a continuar ampliando meus conhecimentos.
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