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Hoje na escola

Paixão pela pedagogia

No Piauí, pedagogo que gerencia a formação continuada de educadores e gestores escolares defende a aprendizagem permanente


Alexandre trabalha como formador de equipes escolares em São João do Piauí (PI) e quer ser mestre em educação. Atualmente, coordena atividades de busca ativa escolar em 15 municípios. Foto: Arquivo pessoal

Por Wallace Cardozo, Rede Galápagos, Salvador
Depoimento de Alexandre de Moura, formador de equipes escolares, professor, pedagogo, pós-graduado em políticas públicas de raça e gênero — e cursista do Polo

Participei de uma formação promovida pela Secretaria de Educação do Piauí, onde conheci o Polo. Acessei e logo encontrei o curso Busca Ativa Escolar: Garantia Integral de Direitos de Crianças e Adolescentes. Prontamente, fiz a inscrição e comecei a acessar o conteúdo. Logo captei a proposta e passei a fazer anotações. Todo aquele material seria útil para o momento que estávamos vivendo. Não é um curso cansativo. Pelo contrário, as leituras são curtas e objetivas, como o momento pedia. O meu propósito era obter uma melhor fundamentação para orientar as equipes escolares no pós-pandemia.

Ainda estou organizando tudo o que aprendi e adaptando as teorias ao contexto da nossa região antes de disponibilizar novos materiais sobre busca ativa na plataforma on-line da 12ª Gerência Regional da Educação, ou apenas “gré”, como chamamos por aqui. Entretanto, já consigo instruir as equipes com os conhecimentos adquiridos sobre temas como as formas de abordar o estudante e a sensibilidade para identificar e lidar com questões delicadas que podem surgir durante a busca.

Sou nascido e crescido em Pajeú. Pajeú do Piauí, município que fica próximo a São João do Piauí, onde moro e trabalho atualmente. Assim como as cidades do meu estado, gosto de me apresentar com nome e sobrenome. Alexandre Rodrigues de Moura, ou Alexandre Panta. Panta não é sobrenome, mas é um velho apelido de família. Nem meu avô sabia explicar de onde vem. O que não mudou desde a época dele é que por aqui carecemos de oportunidades de emprego formal e de investimento em desenvolvimento social.

Atuo com educação há mais de duas décadas, quase todo esse tempo em sala de aula. Há pouco mais de um ano, eu me tornei formador da 12ª “gré”. As “grés” são uma extensão da Secretaria Estadual de Educação e servem para fazer um acompanhamento mais próximo das escolas de cada região. Conduzo formações de equipes escolares de 35 escolas em 15 municípios.

Tenho o sonho de cursar um mestrado na área da educação, mas a distância até a capital ainda é um obstáculo. Tentei fazer on-line ou semipresencial, mas não deu certo. Enquanto não consigo me tornar mestre, faço o que está ao meu alcance para continuar aperfeiçoando minha atuação. Quando a Secretaria de Educação da minha cidade natal ofertou uma especialização, por exemplo, não pensei duas vezes para me inscrever. O tema não foi exatamente uma escolha, mas gostei. Hoje, além de pedagogo, sou especialista em políticas públicas de raça e gênero.

Viajando a trabalho pelos municípios da região, tenho a oportunidade de conhecer uma versão bastante realista da situação da educação pública. Mesmo as instituições de ensino localizadas nas sedes das cidades enfrentam dificuldades típicas das escolas rurais, pois a maioria dos estudantes mora na zona rural e depende de um transporte escolar eficiente para estudar, por exemplo. O contato diário com os desafios da educação pública me ajudou a ter a sensibilidade necessária para lidar com a pandemia.

Os índices de evasão escolar dispararam e era preciso pensar numa estratégia. Tentamos acompanhar os estudantes, mantivemos contato, levamos os materiais de porta em porta, mas o cenário era de incerteza. Precisamos falar sobre a busca ativa escolar. A 12ª Gerência Regional da Educação é a única em todo o estado que conta com uma plataforma on-line para atividades de formação continuada. Por lá, pude continuar mobilizando as equipes das escolas e desenvolvendo o plano de formação continuada para mais de 500 cursistas inscritos.

Na minha função atual, tenho uma relação um pouco mais distante com os estudantes. Vez ou outra participo de oficinas e palestras para esse público, mas a minha atuação mais direta é com os educadores e gestores escolares. Por isso, sempre que posso, me sento com minhas duas enteadas para conversar sobre a importância da educação e para ajudá-las com as atividades escolares. Funcionou com os meus dois filhos, mais velhos, sempre muito focados nos estudos. O primeiro já está na faculdade e o caçula acaba de concluir o ensino fundamental. Brinco que sou um “triplo P”: pai, padrasto e professor. Pensando bem, acho que preciso aumentar essa conta, já que sou Alexandre Panta, pedagogo piauiense de Pajeú do Piauí, pós-graduado e cursista do Polo.

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