
Por Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social
“O que interessa não é tanto como a gente ensina, mas como a criança aprende.” A forma simples e direta como a professora Magda Soares sintetiza a dinâmica de empatia entre docentes e estudantes na construção do conhecimento é uma daquelas joias do pensamento de quem não apenas expandiu os limites do saber acadêmico sobre a educação, mas pôs suas teorias à prova no dia a dia do chão da escola. E fez isso durante muito tempo, trabalhando ao lado de educadoras e educadores lá na ponta, reconhecendo e solucionando problemas concretos nas salas de aula.
Magda nos deixou, aos 90 anos, no primeiro dia de 2023. Pesquisadora e pensadora da alfabetização e do letramento — a aprendizagem das funções sociais da língua escrita —, a professora mineira legou conceitos, reflexões e ações com enorme influência na formação de educadores nessa área. Intelectual reconhecida e premiada, autora de uma obra indispensável na área da alfabetização, produziu um trabalho monumental com repercussões que transcendem esse campo e cuja beleza está também nas provocações para o desenvolvimento da educação com equidade na primeira infância, no compromisso com a escola pública, no carinho com que se dedicou a tornar possível não apenas a leitura das palavras, mas principalmente a leitura do mundo.
Falar de Magda é também falar de uma educação infantil que valoriza a leitura de histórias. Que vê a criança em um processo de aprendizado que não se reduz à escola, mas vai além, incluindo todo o repertório cultural que a circunda, na família, no território, na comunidade. É justamente desse olhar que precisamos, como sociedade, para encarar desafios bem conhecidos e mensurados. A pesquisa Avaliação da Qualidade na Educação Infantil, realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com o apoio do Itaú Social, do Movimento Bem Maior e do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), mostra que 39% das escolas participantes não desenvolvem nenhuma prática com leitura e escrita. O legado de Magda é também a mensagem de que, por maior que seja esse problema, há soluções possíveis, começando pela urgente valorização da escola pública e, no seu caso específico, da política pública que acontece no município.
Na edição de 1 de fevereiro da newsletter Notícias da Educação (abaixo), fomos olhar um pouco mais para onde Magda Soares estava olhando. Ela é um farol que nos inspira a prosseguir e a reconhecer caminhos para a transformação mais do que necessária, com o compromisso de fortalecer a educação pública com qualidade e equidade, em defesa do protagonismo do poder público e das secretarias de Educação e do engajamento de quem está lá na ponta trabalhando com as crianças e os adolescentes.

“Fui uma profissional de formar professores”
Pesquisadora e pensadora da alfabetização e do letramento, a professora mineira Magda Soares (1932-2023) deixou um legado de conceitos, reflexões e ações que influenciam a formação na área e as práticas em salas de aula de todo o Brasil. Leia mais ↗
“Alfabetização é um processo complexo, que não tem soluções únicas ou milagrosas”
Compartilhando das mesmas inquietudes de Magda Soares, a pesquisadora Isabel Cristina Alves da Silva Frade segue na missão de aproximar os estudos da academia com as práticas da escola pública. Leia mais ↗


Uma questão de estudo contínuo
Professora do litoral paulista relata como percurso “Alfabetização na sala de aula”, do Polo, contribuiu com reflexões e experiências que fortalecem sua prática pedagógica. Leia mais ↗