
Fabiana Pedroni
Uma ‘artista-etc’. É assim que a capixaba Fabiana Pedroni, 36 anos, se define por atuar em diferentes frentes sociais e linguagens, e por estar sempre atenta à divulgação científica e a forma como a comunicação deve se tornar acessível. Formada em Artes Visuais pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), ela construiu sua trajetória profissional como artista, arte-educadora, professora de teoria e história da arte. Possui mestrado em História Social pela USP (Universidade de São Paulo) e está concluindo doutorado em Artes pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). Além disso, atua como podcaster do Não Pod Tocar e redatora do site notamanuscrita.com.
Como uma artista plural, as vivências de Fabiana foram de “muito chão”, como sua própria avó dizia, e fundamentais para a produção do livro “caixas papéis janelas – memórias alheias”, que nasceu durante as oficinas “Vivências Literárias”. A publicação resgata, justamente, o começo do chão das vivências de um processo de autoficção, em que os caminhos da autora foram construídos em palavras e destinos.
Durante a infância, Fabiana vivia na roça, rodeada de morros, árvores e animais. Aos 14 anos, se mudou para a capital, Vitória, com nova casa e uma estrutura bem diferente daquela na zona rural. Por meio da literatura, Fabiana retrata como esse processo de transição e adaptação foi marcante em sua vida, não pela substituição de memórias, objetivos concretos e abstratos, mas sim pelo potencial de aperfeiçoamento que essas modificações são capazes de proporcionar ao ser humano.
“Fabiana parte de itens e memórias simples (objetos, atitudes de infância, mudança de casa, o barulho do mar, uma fotografia, uma janela) para refletir sobre as emoções e percepções da realidade que são suas, mas também de suas personagens. Essas personagens podem ser seus familiares, relembrados e recriados como protagonistas e coadjuvantes de narrativas tão realísticas quanto fantásticas”, como diz o prefácio do livro.
Elisângela Melo (Isa Fauegi)
A paixão de Elisângela Melo pela leitura começou na infância quando foi presenteada com o clássico “As Mil e Uma Noites”, da sua madrinha de batismo, uma grande influenciadora na sua iniciação literária. Nascida em Santo André, no ABC Paulista, Elisângela não esconde o orgulho ao falar que é filha e neta de empregada doméstica e a primeira mulher da família a concluir os estudos numa faculdade.

Ela é graduada em Letras e Literatura na PUC (Pontífice Universidade Católica), foi aluna especial do mestrado em literatura brasileira na USP (Universidade de São Paulo) – o que contribuiu com seu interesse na escrita – e também é graduada em Educação pelo Instituto Federal de São Paulo. Hoje, aos 49 anos, atua como diretora de uma escola estadual em Cuiabá, no Mato Grosso
Durante o período que morou em São Paulo, Elisângela dedicou três anos ao desafio de ser educadora social na Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), carregando em sua memória as experiências e histórias vivenciadas com os atendidos pela instituição. Ela sempre pensava que se algum dia tivesse a chance de escrever um livro, os relatos observados e presenciados naquele ambiente seriam o ponto de partida.
Quando as inscrições para o projeto “Vivências Literárias” estavam abertas, Elisângela enxergou a grande oportunidade de transformar esse desejo em realidade. O Livro “Anjos Apenados” nasceu durante os aprendizados com o escritor Marcelino Freire, e compartilha memórias muito importantes para quem trabalha ou ainda trabalhará nas mesmas circunstâncias.
Com as oficinas nasceu também a “Isa Fauegi”. Durante as aulas, Marcelino a chamava pelo apelido, mas trocando ‘Lis’ por ‘Isa’. Como nome e sobrenome sempre foram pontos de incômodo para Elisângela, pelas reminiscências da escravidão no Brasil, ela adotou Isa para sua carreira de escritora. Já Fauegi é a referência que recebe dentro da diáspora africana, por ser candomblecista.
A publicação “Anjos Apenados” traz um conjunto de 15 contos sobre a vivência com os internos da Fundação CASA.

Monaliza Caetano
O município de Taboão da Serra, localizado na região metropolitana de São Paulo, foi fonte de inspiração para a redatora publicitária Monaliza Caetano. Aos 28 anos, o livro “Me ensina a escrever o meu nome”, produzido durante as oficinas “Vivências Literárias”, foi o primeiro que ela redigiu após a graduação em História e o mestrado em História da Cultura, ambos concluídos na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Ela conta que durante os encontros foi instigada a revisitar e se aproximar, minimamente, do seu passado. O escritor Marcelino Freire a provocou nesse sentido durante o percurso, pois a vivência na cidade lhe trouxe muitos aprendizados, experiências e riqueza de detalhes para a produção da sua obra, especialmente sobre o seu bairro, a rua e a casa onde morou com seus familiares.
Monaliza já havia começado a rascunhar algumas histórias antes dos encontros. Porém, foi durante as oficinas que ela fez o esforço criativo de repensar e dar sentido a muitas de suas vivências, principalmente na infância e adolescência. Atualmente, vive na capital paulistana. Em seu livro, desfruta bastante da criatividade, aliando ficção e realidade justamente com a intenção de despertar a sensibilidade do leitor para diferenciar o que de fato aconteceu e o que é fantasia.
A partir de um conjunto de 19 contos, divididos em quatro diferentes sessões, conhecemos a história de uma mesma família. As narrativas, em alguns momentos, se voltam para o universo feminino: a primeira menstruação, o convívio com a matriarca e a gravidez. Em outros, alcança a rua e o bairro: a violência policial, o tráfico e os hospitais da cidade. Cada um dos contos pode ser lido separadamente, mas também em conjunto e diálogo com os demais.
Kenni Rogers
A desconstrução de todas as experiências vividas ao longo dos seus 37 anos, principalmente a partir do olhar social, é o ponto de partida escolhido pelo arte-educador Kenni Rogers em seu livro “Quando era mato, tudo”. Nascido em Marechal Cândido Rondon, município da região Oeste do estado do Paraná, o autor traz, nas primeiras laudas do livro, uma riqueza de detalhes sob a percepção de um menino simples e interiorano, que teve a chance de se deslocar para a capital, Curitiba, onde mais tarde se tornaria ator, diretor, arte-educador, mediador de leitura e agitador cultural.

Licenciado em Letras, Português e Alemão pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), com pós-graduação em Gestão Cultural pelo Senac e bacharelado em Artes Cênicas-Interpretação pela FAP (Faculdade de Artes do Paraná), Kenni enxergou cada oficina do projeto “Vivências Literárias” como uma oportunidade para costurar um emaranhado de memórias, reflexões, cheiros e sensações vivenciadas em sua trajetória. Com a percepção de que as artes são muito interligadas, ele sempre buscou diálogo e espaço para destacar o potencial transformador da literatura.
A rua se tornou o berço de criação do artista, que desenvolve ações de teatro e literatura para jovens em situação de vulnerabilidade social desde 2014. Hoje, seu trabalho é focado em ações de teatro e literatura com crianças, adolescentes e jovens que integram a OSC Passos da Criança, localizada na comunidade Vila Torres, em Curitiba.
É idealizador e coordenador da Mostra Literatura Paraná, que é realizada em comunidades curitibanas com oficinas, bate-papo com escritores, distribuição de livros, confecção de painéis literários de grafite, cortejo literário, entre outras atividades. Assume também a direção da Trupe Periferia, coletivo de teatro marginal do Paraná, com 11 jovens no elenco, de diferentes comunidades do estado e formado por poetas, slammers, músicos e MC ‘s.
Em 2017, seu trabalho de leitura com jovens da periferia de Curitiba foi matéria de capa da Revista TopView, do Grupo RIC Paraná, que o reconheceu como um dos heróis do ano. Nos dois anos seguintes, foi finalista do prêmio “Personalidades do Ano”, como Personalidade das Artes e Ativista Social, respectivamente.
Além disso, o artista já se apresentou em mais de 20 estados brasileiros e participou de importantes festivais pelo Brasil. Integrou vários espetáculos, curtas e longas metragens, pilotos e web séries. Foi indicado em vários prêmios do teatro paranaense, assim como atuou no espetáculo “A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti”, dirigido por Paulo Biscaia Filho, da companhia Vigor Mortis, selecionado pelo Itaú Rumos Cultural.

Valdelice Santos
Valdelice da Conceição Santos nasceu em Maragogipe, Recôncavo da Bahia e continua morando na mesma região, agora no município de São Félix, a cerca de 110 quilômetros de Salvador. É tecnóloga em Gestão Pública, jornalista e mestre em Comunicação pela UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). Apaixonada pelas riquezas escondidas no Recôncavo, ela exterioriza algumas belezas escondidas na região em que vive por meio de contos.
Em 2009, durante a adolescência, teve a ideia de criar o blog Literando com o Recôncavo para publicar esses contos, assim como poemas e outros formatos literários com base nas histórias da região. Hoje, aos 37 anos, Valdelice tem forte atuação em projetos sociais por meio de oficinas de literatura.
A oportunidade de participar das oficinas “Vivências Literárias” foi a grande chance de transformar todas as inspirações em narrativas no livro “Sete crenças e uma família”. Valdelice ressalta que a formação foi fundamental para o desenvolvimento da sua escrita, em especial pelas contribuições de Marcelino Freire, com dicas valiosas para soltar a criatividade, como o “potinho de palavras”, lista de palavras da memória e anotações de pensamentos e ideias. Ela conta ainda que o autor transmitiu técnicas de escrita e estratégias para iniciar as primeiras frases dos contos, que ajudaram no desenvolvimento e na organização de ideias para a redação e divisão dos capítulos.
A obra “Sete crenças e uma família” apresenta uma coletânea de contos inspirados nas crendices existentes no Recôncavo e nas vivências e experiências de infância da autora e sua família.
Não perca o lançamento oficial da publicação com cada uma das histórias citadas acima, além de um bate-papo com os autores e mais curiosidades sobre o processo de criação das narrativas. Participe!
Agende-se
O que: Live de lançamento do livro com os relatos do projeto “Vivências Literárias”
Quando: 4 de dezembro, domingo
Horário: às 11 horas
Onde: @baladaliteraria